Brasília, 30 de outubro, Asa
Norte, 01h53, interna, escritório de casa.
Toca Macalé que canta Moreira pelo
acaso da hora. Hora essa em que resolvi, embora tenha visto desde antes, ler o
que você me escreveu.
Começo por dizer que me incomoda o
fato de as palavras não terem chegado pelo correio? Acho que não. Materialismo
demais pro externo desconectado que você, a meu pedido, reesfrega na cara
besta ao insistir na refrega.
Faz tempo que de tempo em tempo me
vem uma vontade incontrolável de te mandar à merda. Vá lá que seja razoável
você reclamar da minha relação com Alice. Afinal fui eu em quem começou por
invocá-la.
Falemos dela um pouquito. Falemos
de eu nos meus pensares sobre ela. Que ela canta, dança e sapateia, sabemos.
Muitas vezes o faz pra me agradar, também sabemos. E me agrada, sabemos. Sempre
como parte de certas combinações que vimos construindo sem afogadilhos ou
imposições.
O que tenho como certo é: ela
precisa menos de mim do que eu dela, mas esse peso é pra eu carregar, não ela
(tenha certeza de que esta é minha principal condição). Certo, também, é que
não lhe darei qualquer segurança futura (essa função é de Irene). Que deixarei
pra ela uma meia dúzia de poemas gravados com a voz do pai (uns meus, outros melhores) e o convívio com as melhores gentes que cruzei nesse mundo.
Alice passeia (para meu deleite,
mas não por isto) pelas melhores rodas de Brasília. Não há poeta, pintor,
músico e todo o resto dessa caterva que valha a pena e tanto desagrada Irene
que não a conheça e admire. Que não lhe reserve um carinho. Por ela, com quem
eu ainda tenho a sorte de estar. Feliz do poeta que anda com sua
musa do lado, não é verdade?
E é verdade que eu aproveito isso ao máximo. E ao máximo quero que Alice conviva com essas pessoas que, de amigos ou parceiros meus, se tornaram amigos de infância dela.
Penso que a maior riqueza que posso deixar pra ela é exatamente essa convivência.
E é verdade que eu aproveito isso ao máximo. E ao máximo quero que Alice conviva com essas pessoas que, de amigos ou parceiros meus, se tornaram amigos de infância dela.
Penso que a maior riqueza que posso deixar pra ela é exatamente essa convivência.
Dito isto, desçamos dos pedestais:
nem eu quero fazer dela minha imagem e semelhança – até porque alguém
supostamente mais importante que eu tentou sem sucesso coisa que o valha – nem
sua fala de que esse alguém suposto se estabelece pela ausência justifica a
sua.
O que eu quero (e sendo necessário rezarei por isso) é que você troque sua energia de perto com Alice. Nada mais.
O que eu quero (e sendo necessário rezarei por isso) é que você troque sua energia de perto com Alice. Nada mais.
Estamos bem.
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