quarta-feira, 30 de outubro de 2013

para Norma


Brasília, 30 de outubro, Asa Norte, 01h53, interna, escritório de casa.
Toca Macalé que canta Moreira pelo acaso da hora. Hora essa em que resolvi, embora tenha visto desde antes, ler o que você me escreveu.
Começo por dizer que me incomoda o fato de as palavras não terem chegado pelo correio? Acho que não. Materialismo demais pro externo desconectado que você, a meu pedido, reesfrega na cara besta ao insistir na refrega.
Faz tempo que de tempo em tempo me vem uma vontade incontrolável de te mandar à merda. Vá lá que seja razoável você reclamar da minha relação com Alice. Afinal fui eu em quem começou por invocá-la.
Falemos dela um pouquito. Falemos de eu nos meus pensares sobre ela. Que ela canta, dança e sapateia, sabemos. Muitas vezes o faz pra me agradar, também sabemos. E me agrada, sabemos. Sempre como parte de certas combinações que vimos construindo sem afogadilhos ou imposições.
O que tenho como certo é: ela precisa menos de mim do que eu dela, mas esse peso é pra eu carregar, não ela (tenha certeza de que esta é minha principal condição). Certo, também, é que não lhe darei qualquer segurança futura (essa função é de Irene). Que deixarei pra ela uma meia dúzia de poemas gravados com a voz do pai (uns meus, outros melhores) e o convívio com as melhores gentes que cruzei nesse mundo.
Alice passeia (para meu deleite, mas não por isto) pelas melhores rodas de Brasília. Não há poeta, pintor, músico e todo o resto dessa caterva que valha a pena e tanto desagrada Irene que não a conheça e admire. Que não lhe reserve um carinho. Por ela, com quem eu ainda tenho a sorte de estar. Feliz do poeta que anda com sua musa do lado, não é verdade? 

E é verdade que eu aproveito isso ao máximo. E ao máximo quero que Alice conviva com essas pessoas que, de amigos ou parceiros meus, se tornaram amigos de infância dela. 

Penso que a maior riqueza que posso deixar pra ela é exatamente essa convivência.
Dito isto, desçamos dos pedestais: nem eu quero fazer dela minha imagem e semelhança – até porque alguém supostamente mais importante que eu tentou sem sucesso coisa que o valha – nem sua fala de que esse alguém suposto se estabelece pela ausência justifica a sua. 

O que eu quero (e sendo necessário rezarei por isso) é que você troque sua energia de perto com Alice. Nada mais.
Estamos bem.

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