Fomos a um show antológico de samba em Ubá há uns vinte anos atrás, Mané, Eliasar, Dudu, Norma, Dalvinha, Irene e eu. Cristina Buarque, Walter Alfaiate e outros bambas do Rio de Janeiro. Na banda de apoio tocava flauta Inez Perdigão, por quem Manezinho se encantou. "Você viu o sorriso de cinquenta e três dentes da Inêz?" perguntou várias vezes depois do show. Reencontrei Inez num show do Mario Lago aqui, em Brasília, e escrevi ao Mané. Adoniran já sabia do caso.
Pode Apagar o fogo Mané
(Adoniran Barbosa)
Um pavio pro lampião
Pode me esperar Mané
Que eu já volto já
Acendi o fogão
Botei a água pra esquentar
E fui pro portão
Só pra ver Inez chegar
Anoiteceu e ela não voltou
Fui pra rua feito louco
Pra saber o que aconteceu
Procurei na Central
Procurei no hospital e no xadrez
Andei a cidade inteira
E não encontrei Inez
Voltei pra casa, triste demais
O que Inez me fez não se faz
E no chão bem perto do fogão
Encontrei um papel
Escrito assim
Pode apagar o fogo Mané
Que eu não vorto mais
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