quinta-feira, 10 de maio de 2012

Apaga o fogo Mané




Fomos a um show antológico de samba em Ubá há uns vinte anos atrás, Mané, Eliasar, Dudu, Norma, Dalvinha, Irene e eu. Cristina Buarque, Walter Alfaiate e outros bambas do Rio de Janeiro. Na banda de apoio tocava flauta Inez Perdigão, por quem Manezinho se encantou. "Você viu o sorriso de cinquenta e três dentes da Inêz?" perguntou várias vezes depois do show. Reencontrei Inez num show do Mario Lago aqui, em Brasília, e escrevi ao Mané. Adoniran já sabia do caso.


Pode Apagar o fogo Mané
(Adoniran Barbosa)

Inez saiu dizendo que ia comprar 
Um pavio pro lampião 
Pode me esperar Mané 
Que eu já volto já 

Acendi o fogão 
Botei a água pra esquentar 
E fui pro portão 
Só pra ver Inez chegar 

Anoiteceu e ela não voltou 
Fui pra rua feito louco 
Pra saber o que aconteceu 

Procurei na Central 
Procurei no hospital e no xadrez 
Andei a cidade inteira 
E não encontrei Inez 

Voltei pra casa, triste demais 
O que Inez me fez não se faz 
E no chão bem perto do fogão 
Encontrei um papel 
Escrito assim 
Pode apagar o fogo Mané 
Que eu não vorto mais 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este blog não publica comentários anódinos